terça-feira, 20 de abril de 2010

Geo-Raid Series 2010 | SPS


O ambiente no secretariado deixava antever a qualidade de tudo o que iriamos passar. Toda a organização estava perfeita e adequada. À nossa volta agrupavam-se as várias duplas que iriamos defrontar nos dois dias de elevada intensidade, seja de percurso, de acumulado, de paisagem ou de sofrimento. Mas também sabiamos que haveria lugar a muito e puro btt. Era para isso que lá estavamos.
Aceitamos o que nos disseram no briefing e fomos para o quarto organizar a logística para o dia seguinte.


DIA 1...

O primeiro dia amanheceu soalheiro mas fresco. No entanto, antevia-se um dia de muito sol e algum calor. Coisa a que o corpo ainda não está habituado.
Lá partimos do nosso bloco, com 2% de handicap, o que faria arrancarmos cerca de 7 minutos antes do bloco principal. Entretanto já havia gente a rolar nos trilhos há cerca de uma hora, havia bonificações de 19%. As senhoras partiam com bonificação de 14%.
O ritmo imposto logo no início foi muito interessante e tivemos o prazer de trabalhar durante algum tempo com o Bica e o Casaleiro. Fomos juntos durante alguns Km mas eles acabaram por seguir mais rápidos. Tinhamos de seguir o nosso ritmo. A etapa era longa e as subidas imensas. A caminho do São Macário comecei a perceber que ter levado um 29/44 - 34 era muito pouco. Fazia falta a avozinha do 22 dentes. Mas lá fomos indo.


O Rui fazia uma navegação exemplar, e tendo em conta que era a primeira vez que usava o GPS em prova, eu diria que foi uma navegação fabulosa. Está-lhe no sangue.
Eu dedicava-me a analisar o gráfico da altimetria e a gerir os pontos de abastecimento de água.

Note-se que não há abastecimentos organizados durante as etapas. Cada equipa vai em auto-suficiência e a gestão dos pontos de água, em fontes e bicas nas aldeias, é fundamental.

Cometi um erro ao falhar o ultimo ponto de abastecimento de água antes de Drave. Chegados ao São Macário só nos restava pedalar mais uns 30km com um único bidon. Mas um homem é um homem e não tem medo de nada.
O ritmo em dupla era fabuloso e iamos conseguindo avançar em bom ritmo e ultrapassar as diversas equipas que tinham partido antes de nós.
Entretanto já tinhamos sido alcançados por umas 4 equipas sem bonificação nomeadamente, a equipa do Zé e do Marinho, Gamito, entre outras.


O nosso ritmo mantinha-se constante e o espírito era o correcto.
Sempre atentos ao companheiro, sem disputa e muita amizade.
É neste tipo de provas que se forja uma amizade pura e verdadeira.
Aprendemos a confiar no companheiro e sabemos que este estará lá sempre.



Em direcção a Drave, lá começou a descida infernal, cheia de pedra, onde o azar (ainda que pequeno) bateu à porta.
Quase no fim, tive uma pequena queda quando a roda a frente se prende numas rochas mais proeminentes e ao chamar o Rui, este trava e acaba por trilhar uma câmara, furou.
Toca a trocar de câmara e alguns minutos são perdidos neste jogo. E é durante este momento que perdemos o avanço que tinhamos para o plotão de elites e passam por nós umas boas 20 ou 30 equipas.
Lá continuamos a descida para Drave, com muita parte feita à mão, não vale a pena arriscar uma outra queda, e o precipício à direita era alto e impiedoso.
Depois de Drave veio a subida longa e infernal e voltamos a encontrar uma paisagem desafogada com vista em redor de quilometros e quilometros desimpedidos.


Lá fomos navegando sem erros até Manhouce, altura para abastecer pela ultima vez na fonte da aldeia e partir para a ultima subida longa do dia. Comecei-me a sentir ainda melhor e mais forte e lá fomos até Fontanheira sempre em bom ritmo, comigo a marcar andamento.
Tivemos alguma dificuldade em apanhar sinal de GPS em determinadas zonas devido à densidade do arvoredo mas lá seguimos o caminho traçado. Era igual ao do ano passado e não havia dúvidas.


Depois da grande descida de alcatrão entramos num trilho, novamente com descida longa num terreno um pouco estragado em que o cansaço apareceu, e descer passou a ser tortura.
Entre as ultimas aldeias que fomos passando tivemos alguns problemas de navegação dado o traçado apertado entre caminhos e casas, com alguns erros, mas não por culpa da navegação.
Temos consciencia que perdemos alguns lugares, pois enquanto voltavamos para o caminho correcto, havia quem aproveitasse o nosso engano e colava-se à nossa roda ou passava à dianteira. Mas nada de grave.
Por fim, a zona rápida até às Termas e o alcatrão até à meta, onde o ritmo foi novamente alto para não sermos apanhados.
Acabamos a 1ª etapa classificados em 28º.
Altura ideal para voltarmos ao quarto e fazer a suplementação adequada da Reflex.



DIA 2...

Os braços queixavam-se do escaldão do dia anterior e as pernas estavam pesadas por causa do Sr. 29. Lá fomos para a box de partida, com um tempo ainda fresco mas prometedor de muito sol.
As equipas agrupavam-se para o controlo final e dada a partida lá seguimos em bom ritmo para o 2º dia de prova.
Entramos no longo trilho da antiga linha de comboio, e o cansaço do dia anterior fez-se logo sentir e as pernas estalavam de dor. O Rui impôs o andamento, sempre certo e rápido, e eu segui atrás dele. Atrás de nós vieram sempre o Guegués e companheiro que nunca tiveram a coragem de ir rolar à frente. Faltou-lhes o espírito Geo-Raid.
Saimos da linha de comboio para entrar nos trilhos rurais e lá apareceu o plotão de Elites a bombar em força. Confesso que estava muito cansado e a desilusão foi grande por ver o Rui bem e a querer seguir atrás deles, e eu sem capacidade para tal. O facto de não ter um prato pedaleiro mais rotativo, no dia anterior, carregou os meus músculos de cansaço e a sensação de peso foi uma constante.


Entramos no fabuloso single-track de Vasconha, com muita lama e continuamos sempre em direcção à grande subida do dia.
Após um controle de percurso aparece a parede para o Caramulo. Seriam 600m de acumulado em apenas 20km de distância.
Novamente o sofrimento de não conseguir pôr as pernas a rodar rápido, por façta do 22, e o Rui sempre à frente a levar-me numa longa subida, com muitos regos, bem estragada pelas chuvas de inverno. Cruzamos montes, campos e trilhos, caminhos rurais e centenários. Cheios de pedra e muita, mas muita lama. Lama até aos cubos, muitas vezes, vezes a mais.
Na ultima parte da longa subida, ganhamos fôlego, e fugimos de uma série de equipas que teimavam em não nos deixar a sós.
Conseguimos um bom avanço, que se veio a perder nas descidas. Havia algo de errado na afinação que fiz à Scalpel e a falta de confiança foi uma constante.
Com mais uns 2 erros de navegação, lá perdemos essa vantagem.



Lá continuamos para a parte final do percurso, que culminava o conjunto de subidas na Sr.ª do Castelo.
Todas as equipas que tinham sido deixadas para trás estavam, agora, à nossa frente. Eu sabia que as tinhamos de as ultrapassar antes do single-track final da Sr.ª do Castelo, pois aí elas seriam mais rápidas do que nós.
Atacamos em força nessa ultima súbida, e no conjunto de cerca de 8 equipas, lá conseguimos entrar nesse single com, apenas, uma equipa à nossa frente.
Não foi tão difícil como estava à espera e a descida divertida fez-se de forma muito rápida.


Por fim, entramos no meu domínio... 5km a rolar... e assim foi.
Passei à dianteira e fizemos esses ultimos km a rolar muito forte, apanhamos a equipa que estava à nossa frente à entrada do single-track e cortamos a meta com um bom avanço sobre os ultrapassados.
Chegamos em 32º lugar.

No conjunto dos dois dias de prova, calhou-nos um interessante 27º da geral.

Tivemos um total de:
13h19' de prova
183 km percorridos
6.200 m de acumulado




A equipa contou com a Suplementação da fabulosa marca Reflex, Sports Nutrition.
Instant Whey, Glutamina e BCAA's para a recuperação; The Edge bebida isotónica com pró-bióticos.
www.reflex-nutrition.com

Site oficial da prova
www.geo-raid.com

Rescaldo Forum-BTT c/ link para os filmes e galerias fotográficas.
www.forumbtt.net/showthread.php/21285-[Rescaldo]-Geo-Raid-So-Pedro-do-Sul/page7

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Geo-Raid Series 2010 SPS

Falta uma semana para se dar início ao Geo-Raid Series de 2010.
No fim-de-semana de Páscoa, com o facto de ser prolongado, combinei com o meu companheiro, Rui Paiva Lima, para um conjunto de treinos sérios e duros.

Sexta-feira, foi dia de rolar durante horas a ritmo elevado mas certo. Uma ida a S. Jacinto, num percurso quase sempre plano, com muito vento de frente, chuva e frio à mistura, num total de 147km.
Sábado, dia de montanha. Volta às minas do Pejão, Castelo de Paiva e Entre-os-Rios, num total de 110km.
Domingo, tirada mais curta de monte, num percurso de apenas 60km, mas com uma componente mais técnica e a verificar o estado da Scalpel.
Ficou um fim-de-semana de Páscoa com mais de 300km em alto ritmo, a testar velocidade, potência e resistência. Testar as capacidades físicas durante dias seguidos e ver o comportamento com cansaço acumulado. Portamo-nos bem!!!

No próximo Sábado teremos de contar com 111Km, 3.907m de acumulado num percurso muito exigente, caracterizado pelos fortes desníveis e pisos difíceis. Por outro lado teremos um enquadramento paisagístico absolutamente incrível num verdadeiro cenário de montanha.



No segundo dia a distância será de 70km e contaremos com um desnível de 2.176m. Será uma etapa com uma forte componente de desafio onde a recuperação do dia anterior será fundamental para enfrentar o desnível elevado.