segunda-feira, 29 de setembro de 2008

2009_BTT: XCM, Campeonato, Opens Regionais, Endurance


2009 vai ser um ano cheio de provas do tipo maratona, tuteladas pela Federação Portuguesa de Ciclismo (UVP-FPC) contando com formatos que vão desde os "opens" até ao campeonato de XCM Masters, passando, obviamente, pelas provas da Taça de Portugal.

Serão fundamentais para adquirir ritmo e conhecimento sobre o meio competitivo consolidando o treino físico diário prescrito pelo meu Mestre.

Só entrando no meio competitivo é que podemos perceber exactamente como funciona. Dessa forma será um ano fundamental para edificar conhecimentos e tentar fazer um 2010 já interessante ao nível de resultados.

Não será logo no primeiro ano de competição que irei obter resultados de destaque, mas será o começo do pretendido percurso. Será um longo percurso...

O treino



Bem... os meus treinos são segredo...
Mas nada que não possa levantar o véu.
A semana tem 7 dias; pedalo 6 dias por semana; de entre os dias que pedalo há que distribuir as pedaladas por: recuperação activa; cycle; séries de nivel 3 e 4; treinos técnicos; e BTT.

É claro que tenho dormido como um anjinho. À semana pedalo sempre ao final da tarde, ao fim-de-semana hà que treinar de manhã bem cedo para render devidamente.
Depois de um dia de trabalho, lides familiares, profissionais, entre outras obrigações, o treino torna-se na tranche final de energia diária. Depois do banho vem sempre o cansaço extremo e a cama tarda sempre em chegar. Tento dormir 8 a 9 horas, mas por vezes acho que é pouco. A culpa é do Tiago...

De qualquer forma, há treinos de dia, de noite, com sol, com chuva, com frio, com calor, bem disposto, mal disposto, há sempre treino.

A dieta alimentar também não está descurada e foi afinada para o dispêndio diário de energia.

Todos os treinos, sem excepção, são registados no meu Polar S725 e descritos em ficheiro Excel para a correcta gestão do histórico.

Tenho feito uma média de 1.000 km por mês...

performed by TIAGOARAGAO.COM

É com grande orgulho que posso exibir a máxima performed by tiagoaragao.com
O grande Mestre Tiago Aragão, conceituado treinador de ciclismo, nacional, é o meu professor nesta longa caminhada que terei de fazer.
Com a sabedoria do Mestre, trabalho físico e persistência tentarei obter os melhores resultados possíveis nesta luta pelo ciclismo de montanha que começou numa idade já avançada (36 primaveras).



24 Horas Sobrado 2008

Dizem que à terceira é de vez... e na terceira edição organizada pela Candibyke lá consegui arranjar espaço familiar para me inscrever na prova.

Mal as inscrições abriram inscrevi-me e paguei de imediato para não vacilar.

Lá começou a longa preparação física e logística para uma prova de todo difícil de se fazer e de gerir... são 24 horas e nunca tinha feito nada do gênero.
Ao fim de meio ano de preparação fisica estavam lançados os dados que me iriam conduzir, nos passados dias 12 e 13 de Julho, numa aventura dura e desconhecida...

A véspera...
Tudo estava preparado e programado. Tudo estava esquematizado, desde a alimentação até à forma como iria atacar a prova. 30 voltas era o objectivo depois de ter feito uns treinos de reconhecimento. Confesso que cheguei a apontar para as 30 voltas antes de saber como iria ser a prova.
Tudo a rolar com serenidade até ao dia anterior. Nunca senti uma preocupação tão grande e um nervosismo tão profundo em relação a um evento de BTT. Na realidade era a minha primeira participação numa prova com prémios e numa tão longa (tirando o Cape Epic de 2007).
Estava uma carga de nervos até à hora da largada e mesmo durante a minha primeira volta.

O dia D...
Depois de umas 10 horas de sono lá acordei. Voltou a carga de nervos a instalar-se na mente e aquela sensação estranha no corpo. Era a adrenalina e o receio do desconhecido.
Mas era tarde de mais...
Lá me encontrei com o Paulo e o Telmo e fomos para Sobrado para a tralha toda metida no carro. Lá chegamos ao destino onde iria passar cerca de 30 horas, pensava eu, acordado e a sofrer... Não estava muito enganado, hehehehe.
O amigalhaço Aníbal já se tinha instalado e reservado um lugar especial para os Cães do Monte. Logo de seguida chegou o apoio mecânico... o pessoal da Gondobike.

A Hora H...
Montado na minha preciosa RC10 lá comecei a abrandar o ritmo cardiaco. Tudo começava a acalmar. Deu-se o briefing, a passagem pelo sistema de controlo electrónico, o passeio pelo centro de Sobrado e... o Tiro de Partida "pauuu".
Uma boa parte dos concorrentes partiram como loucos, como se a meta fosse ao fim da primeira volta. Tentei manter um ritmo alto, mas controlado; no entanto, a adrenalina não permitia manter-me calmo durante a primeira volta e a FC era elevadíssima. Fiz uma média de 170 só na primeira volta, hehehehehe, coisas de novato.

A volta 1...
O ritmo dos concorrentes não abrandava, nem a FC... Nem o facto de já conhecer o percurso ajudou a acalmar-me, pelo contrário, sabia o que iria fazer-me fisica e psicologicamente: ia ser muito Duro. Tentei abrandar o ritmo da pedalada, atacar menos, gerir melhor, mas nada adiantava... a FC não queria saber de nada disso.

A volta 2... e as restantes até ao jantar
Na 2ª volta, de repente, tudo voltou ao normal. A FC estava controlada, a passagem na meta e a troca de bidon foi perfeita, os concorrentes começavam a espaçar-se pelo percurso, tudo era mais transitável.
Concentrei-me naquilo que tinha de fazer: 30 voltas; média de 45' por volta - deveria dar para gerir a prova na perfeição...
Ao fim de algumas voltas, o calor começava a fazer mossa, mas o plano de hidratação e suplementação delineado estava perfeito. Cerca de 1,5l de bebida por hora era a resposta ao calor que se fazia sentir. O Polar chegou a registar 34 graus.
O Paulo e o João Pedro (Gondobike) começaram a ficar preocupados com o meu ritmo. Estava de loucos. "Abranda" diziam eles, "vai com calma, ainda falta muito". A realidade é que me estava a sentir bem e os meses de preparação estavam a fazer todo o sentido, graças a um treino muito especial.
Ao final do dia lá estava a compensação: estava em 4º lugar, com o mesmo número de voltas que o 3º classificado.
E assim foi até ao anoitecer.

Noite...
Depois do jantar, uma massinha com peru picado, lá dei mais umas voltas e a noite começava a instalar-se. Um primeira volta ao lusco-fusco, tudo na maior. Uma segunda volta às escuras, tudo na PIOR...
A dezena de Leds que levava comigo de nada serviam para iluminar um percurso que se mostrava muito rude e duro. A bike salatava de um lado para o outro, as luzes apontavam para todo o lado menos para o percurso. Estava em alto risco de me magoar a sério...
Aí tive de tomar uma decisão: parar de vez durante a noite ou arriscar com um "set" de luzes mais potente. Parei eram umas 22h30. Estava com 14 voltas e o 4º lugar, o 3º logo ali a uma pedalada... mas as luzes eram o meu "calcanhar de Aquiles".
Tomei um banho, o João Pedro instalou um conjunto de luzes da Sigma, comi mais qualquer coisa... mas a paragem tornou-se demasiado longa e o frio, bem como o cansaço, instalaram-se. Veio o desânimo nocturno. Tanta preparação e fui logo falhar nas luzes, o elemento mais importante numa prova do gênero!!!
Tentei descansar, dormir um pouco, recuperar o ânimo, mas o frio, a falta de roupa para dormir e a falta de sitio para o fazer não o permitiram fazer adequadamente. As horas iam passando e eu nem dormia, nem descansava sequer.
No entanto, o propósito era claro: acordar às 5h da manhã, aproveitar uma volta à meia-luz e fazer a manhã toda a bombar certinho. Ainda poderia ser possível agarrar um lugar cimeiro...
Errado... Só adormeci por volta das 4h30 e acordei estremunhado às 6h da manhã... raios... eram 6 horas da manhã e já tinha perdido umas 4 voltas sobre o programado.
As últimas 7 voltas...
Com alguma raiva do descontrolo, da falha imperdoável no que dizia respeito às luzes e ao descanso, lá comecei a pedalar por volta das 6h30'.
Antes de entrar na pista fui ver a classificação geral e lá estava eu em 8º lugar com uma série de voltas de atraso em relação ao 7º classificado.
Ao fim da 1ª volta, que funcionou como aquecimento, lá comecei a estabelecer um ritmo médio/alto e os concorrentes a solo começavam a perder voltas. Havia sempre, pelo menos, um que conseguia ultrapassar, por volta. Sabia que estava a recuperar, mas até que lugar?
A tabela das classificações ia sendo actualizada mas com lentidão e cheguei às 11h45 da manhã com a informação de que, mesmo que desse mais uma volta, não iria subir de posição; o que se veio revelar errado, com a apresentação da listagem final. Mais uma volta e teria subido mais um lugar na classificação geral. Mais um erro: confiar na tabela.
Curiosamente, essa mesma listagem, revelou-se algo estranha pois mudei várias vezes de lugar, oscilando entre o 6º e o 7º, dias depois de finalizada a prova. Estabilizou-se, entretanto, no 7º lugar.

A prova em números...
Cada volta teve uma distância de 8,2 km com 323,74m de acumulado.
Com 21 voltas, fiz um total de 172Km e 6.800m de acumulado.
Nada mau.
Houve um total de 288 participantes em todas as categorias.

Em resumo...
A prova foi extremamente dura e a preparação física revelou-se muito bem adequada.
Falhei redondamente na gestão das luzes e no factor descanso. Mas apesar de tudo fiz um honrado 7º lugar, tendo basicamente pedalado apenas de dia. Quem sabe se tivesse pedalado de noite, não teria conseguido um lugar no pódio???
Curiosamente o 1º classificado atacou a prova exactamente da mesma forma como eu pretendia fazê-lo: 30 voltas, noite e dia. Fiquei-me pela intenção, mas com a satisfação que nem tudo foi mal programado.

Os agradecimentos...
Agradeço ao Telmo e ao Paulo pelo apoio logístico que me proporcionaram;
Ao João Pedro da Gondobike pelo apoio mecânico prestado.
À minha caríssima Branca da Dietsport um agradecimento especial pela paciencia a organizar a suplementação, que se veio revelar perfeita.
Ao Tiago Aragão, o agradecimento é extremente especial.

Fica já em mente a próxima edição, para 2009, e outras que venham a aparecer. Encontrei o formato de prova que mais me agrada apesar de todos me dizerem que sou maluco...

Para já, estou à espera que sejam lançadas mais notícias sobre as 24H organizadas no Porto pela Escola Aventura e sobre outras que, entretanto, apareçam.

Espero ter honrado os meus companheiros da matilha e o jersey da Gondobike.

Cape Epic 2007

Era um tarde de sol no Algarve em pleno Agosto de 2006 quando recebo uma chamada do meu primo. "Queres ir ao Cape Epic, para o ano?"- perguntou-me do outro lado da linha. "Quero" - respondi de forma instantânea... "tens até amanhã para pagares a inscrição, caso queiras ir".
Estava aguçado o apetite. Após a normal conferenciação conjugal, lá me decidi a telefonar ao meu futuro companheiro Épico. Não sabia quem ele era, nem o que pedalava. Uma coisa era certa: eu não pedalava nada. Um ano de BTT, ou pouco mais, cerca de 1000 km nas pernas, nada mais.
Mas o apelo era esmagador e não me saia da cabeça a reportagem sobre a edição de 2005 que tinha lido na Bike Magazine, em plena praia Dominicana, escrita pelo Mário Roma.
Esta prova por etapas era mais do que a melhor e mais bonita prova mundial de ultra-maratonas, era o REGRESSO À TERRA NATAL, após 30 anos.
Fui a cybercafé, liguei-me à net e paguei a inscrição, já não havia regresso...

Enquanto assitia à Volta a Portugal em bicicleta, deitado no sofá, já me imaginava a andar por aqueles trilhos fantásticos na minha terra natal.
Começou uma longa, mas pobre, caminhada para atingir a forma física a que uma prova destas obriga. Logo eu que não tinha tempo para treinar, estava com excesso de peso (78kg), a experiência era quase nula, enfim... mas um homem é um homem.

Lá conheci o Costa, o meu companheiro Épico, fomos construindo a forma física mínima necessária, juntamente com o Carlos e o filho Samuel (companheiros numa outra equipa) e muito rapidamente chegou o dia da partida. Nem queria acreditar, estava-me a meter num avião para voar mais de 12.000 km para pedalar 900km, durante 8 dias, com 16.000 metros de acumulado.
Estava na minha Terra Natal... África do Sul... Cidade do Cabo...




O aeroporto lidava de uma forma muito calma com as centenas de bikes e atletas que por ali andavam. Parece ter sido o dia em que quase todos os atletas chegaram para a prova. Ainda tivemos de esperar umas boas horas pelo transfer que nos levaria a Knysna, a cidade que acolhe sempre a partida para a prova. Mas as longas horas de espera foram compensadas pelo casal amigo que estava à nossa espera: a Lara e o Mike, um casal tuga nosso amigo. Levaram-nos a conhecer a cidade, a tomar um fantástico pequeno almoço na Sea Front, um cafezinho ao bom estilo português e uma manhã de gargalhadas... a Cidade do Cabo é a cidade do mundo com mais Gays... lol.



Mais tarde, lá estavamos metidos no autocarro, bem encaixados na "cozinha" ao bom estilo português, com gargalhadas e o alvoroço tradicional. Já todos olhavam para nós e percebiam que eramos latinos. Algumas paragens para verter águas, esticar as pernas e empacotar um XXXXLLLL Wimpie Burguer. Chegamos a Knysna, era noite, estavamos com 600 km de estrada, 12.000 km de avião, há mais de 24h sem banho, sem dormir numa cama, isso não era bom...


Lá nos instalamos no simpático hotel, juntamente com centenas de colegas, tudo transpirava BTT. Era ver passar o Roel Paulissen, Bart Brentjens, Jakob Fuglsang, Rudi van Houts, Thomas Frischknecht, Tom Ritchey, entre tantos outros ilustres e outros tantos desconhecidos. Era um ambiente de festa, sem dúvida. Chegou a hora de jantar e tempo para conhecer o Mário Roma, o companheiro Julio, a esposa, a Adriana e a equipa tuga de lisboa, o Jorge Vieira e o Ricardo Chung. Depois de uma bombática massa italiana com malagueta a mais lá fomos preparar os quartos. Tinhamos de descansar. O meu companheiro, o Costa, tinha de resolver a unha encravada do pé. Ao fim de algum tempo, com paciência e água quente, lá conseguiu resolver o seu pequeno, mas doloroso, problema.


Hora de dormir...

Dia de "levantar dorsais"... pois... isso é cá. Por lá é dia de levantar uma caixa com o dorsal e o resto... entenda-se: saco XXXL Adidas, ultra-reforçado, personalizado com o número do dorsal; autocolante resistente para identificar a Bike; pulseira para acesso às áreas dos concorrentes (alimentação, bike park, tendas, lavagem de bikes, massagens, etc); cartão passe para as refeições; placa de identificação das tendas; regras da prova; zip-ties; transponder; Buff... e creio que era só isso.


À volta da longa bancada de distribuição de dorsais havia de tudo à venda, desde o merchandising da prova, tudo adidas/cape-epic, até alimentação Powerbar de TOP, passando por componentes e artesanato. Ao fundo reluzia a colorido troféu da prova, só para aguçar o apetite.
Foi dia de preparativos, afinar bikes, esticar as pernas e gerir o nervosismo.
À noite fomos à Pasta Party, altura para meter o ultimo combustível servido na cidade... depois só Deus sabia como ia ser.