segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Cape Epic 2007

Era um tarde de sol no Algarve em pleno Agosto de 2006 quando recebo uma chamada do meu primo. "Queres ir ao Cape Epic, para o ano?"- perguntou-me do outro lado da linha. "Quero" - respondi de forma instantânea... "tens até amanhã para pagares a inscrição, caso queiras ir".
Estava aguçado o apetite. Após a normal conferenciação conjugal, lá me decidi a telefonar ao meu futuro companheiro Épico. Não sabia quem ele era, nem o que pedalava. Uma coisa era certa: eu não pedalava nada. Um ano de BTT, ou pouco mais, cerca de 1000 km nas pernas, nada mais.
Mas o apelo era esmagador e não me saia da cabeça a reportagem sobre a edição de 2005 que tinha lido na Bike Magazine, em plena praia Dominicana, escrita pelo Mário Roma.
Esta prova por etapas era mais do que a melhor e mais bonita prova mundial de ultra-maratonas, era o REGRESSO À TERRA NATAL, após 30 anos.
Fui a cybercafé, liguei-me à net e paguei a inscrição, já não havia regresso...

Enquanto assitia à Volta a Portugal em bicicleta, deitado no sofá, já me imaginava a andar por aqueles trilhos fantásticos na minha terra natal.
Começou uma longa, mas pobre, caminhada para atingir a forma física a que uma prova destas obriga. Logo eu que não tinha tempo para treinar, estava com excesso de peso (78kg), a experiência era quase nula, enfim... mas um homem é um homem.

Lá conheci o Costa, o meu companheiro Épico, fomos construindo a forma física mínima necessária, juntamente com o Carlos e o filho Samuel (companheiros numa outra equipa) e muito rapidamente chegou o dia da partida. Nem queria acreditar, estava-me a meter num avião para voar mais de 12.000 km para pedalar 900km, durante 8 dias, com 16.000 metros de acumulado.
Estava na minha Terra Natal... África do Sul... Cidade do Cabo...




O aeroporto lidava de uma forma muito calma com as centenas de bikes e atletas que por ali andavam. Parece ter sido o dia em que quase todos os atletas chegaram para a prova. Ainda tivemos de esperar umas boas horas pelo transfer que nos levaria a Knysna, a cidade que acolhe sempre a partida para a prova. Mas as longas horas de espera foram compensadas pelo casal amigo que estava à nossa espera: a Lara e o Mike, um casal tuga nosso amigo. Levaram-nos a conhecer a cidade, a tomar um fantástico pequeno almoço na Sea Front, um cafezinho ao bom estilo português e uma manhã de gargalhadas... a Cidade do Cabo é a cidade do mundo com mais Gays... lol.



Mais tarde, lá estavamos metidos no autocarro, bem encaixados na "cozinha" ao bom estilo português, com gargalhadas e o alvoroço tradicional. Já todos olhavam para nós e percebiam que eramos latinos. Algumas paragens para verter águas, esticar as pernas e empacotar um XXXXLLLL Wimpie Burguer. Chegamos a Knysna, era noite, estavamos com 600 km de estrada, 12.000 km de avião, há mais de 24h sem banho, sem dormir numa cama, isso não era bom...


Lá nos instalamos no simpático hotel, juntamente com centenas de colegas, tudo transpirava BTT. Era ver passar o Roel Paulissen, Bart Brentjens, Jakob Fuglsang, Rudi van Houts, Thomas Frischknecht, Tom Ritchey, entre tantos outros ilustres e outros tantos desconhecidos. Era um ambiente de festa, sem dúvida. Chegou a hora de jantar e tempo para conhecer o Mário Roma, o companheiro Julio, a esposa, a Adriana e a equipa tuga de lisboa, o Jorge Vieira e o Ricardo Chung. Depois de uma bombática massa italiana com malagueta a mais lá fomos preparar os quartos. Tinhamos de descansar. O meu companheiro, o Costa, tinha de resolver a unha encravada do pé. Ao fim de algum tempo, com paciência e água quente, lá conseguiu resolver o seu pequeno, mas doloroso, problema.


Hora de dormir...

Dia de "levantar dorsais"... pois... isso é cá. Por lá é dia de levantar uma caixa com o dorsal e o resto... entenda-se: saco XXXL Adidas, ultra-reforçado, personalizado com o número do dorsal; autocolante resistente para identificar a Bike; pulseira para acesso às áreas dos concorrentes (alimentação, bike park, tendas, lavagem de bikes, massagens, etc); cartão passe para as refeições; placa de identificação das tendas; regras da prova; zip-ties; transponder; Buff... e creio que era só isso.


À volta da longa bancada de distribuição de dorsais havia de tudo à venda, desde o merchandising da prova, tudo adidas/cape-epic, até alimentação Powerbar de TOP, passando por componentes e artesanato. Ao fundo reluzia a colorido troféu da prova, só para aguçar o apetite.
Foi dia de preparativos, afinar bikes, esticar as pernas e gerir o nervosismo.
À noite fomos à Pasta Party, altura para meter o ultimo combustível servido na cidade... depois só Deus sabia como ia ser.

Sem comentários: